E esta semana, uma simples palavra: TELEDISCO.
Porque não se ouve mais dizer "teledisco"? Porque é muito mais cool dizer "videoclip" (eu cá não uso inglesismos).
"Teledisco" remete-me para quando eu assistia religiosamente, em pequenina, o TOP+, bem diferente do que ele é hoje. Todos o viam, principalmente os jovens, e era um programa de culto como hoje não o é.
Mas "teledisco" também me remete para o "Made in Portugal", o que já não é tão abonatório. O Marco Paulo lançava telediscos e isso assustava. (Mas o Marco canta bem, o nosso Roberto Carlos à lusitana. Só esse assunto dá um post novo, um dia destes, fica prometido.)
Senão, vejamos... o teledisco fascinava na era em que ninguém usava senão o telefone de casa para falar com os amigos; internet era um fenómeno a nascer lá longe na América, o computador parecia um daqueles fornos industriais das pastelarias de fabrico-próprio, e as consolas não cabiam no bolso. Mas ele criava a atmosfera mística do visualizar de uma banda e seu estilo: ela apresentava-se assim junto dos consumidores de música, sabendo perfeitamente que corria dois riscos: ou atraía fãs, ou afastava-os.
Como qualquer outra curta-metragem, passou a ter um princípio, meio e fim, contando uma história (nem que fosse a da própria banda). A música passou a ter estética e a preocupar-se com ela (a visual, claro). As roupas, acessórios e maquilhagem podiam fazer-nos ter vontade de ir a correr comprar o disco ou ter vergonha de ter o poster pendurado lá no quarto.
Os telediscos surgiram muito antes da MTV, mas focavam essencialmente as bandas ou cantores actuando ao vivo. Não tinham, portanto, a essência do videoclip em si: marketing, promoção. Esses surgiram então nos 80's, com o nascimento da referida cadeia, e posteriormente a VH1.
A partir daí, tornaram-se verdadeiras obras de arte, onde a criatividade impera e onde o criador se tenta superar a si próprio de clip para clip, e a banda procura o vídeo mais espetacular/cómico/forte/militante possível. E a indústria desenvolve-se à medida que a tecnologia avança também.
Mas eu tenho saudades do termo "teledisco". Como o nome indica, mostrava-nos um disco...televisivo. E era bonito. E está associado ainda às bandas míticas, aos clássicos que cada vez mais são difíceis de existir e aos artistas que perduram no tempo construindo mais de 10 anos de carreira. Parece que a era do videoclip é diferente da era do teledisco: "videoclip" soa a descartável e a "americanice"; "teledisco" soa a Vidisco e a Nel Monteiro. Mas também soa a uma maior autenticidade. Ou talvez seja só eu a ser saudosista...
Certo é que os U2 não tinham videoclip; tinham teledisco; tal como os The Cure, ou até os Nirvana no seu MTV Unplugged.
Miley Cyrus e as Pussycat Dolls têm videoclips.
Hoje dizer "teledisco" soa a feira e tem um certo tom "bimbo" e antiquado; na altura, gravar os telediscos em VHS era sinónimo de poder, de controlo da música sobre o tempo, de imortalização da banda preferida.
Hoje, adoro ir ao Hard Rock e ficar horas a ver (e ouvir) telediscos.
"Video killed the radio star..."
(acabei de ler a frase: "Youtube killed the video star"...)
Um tesouro.
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